O herói e a curva

Aprendemos, antes mesmo de compreender a vida, que no fim da estrada a morte nos espera.

Mas é fato, naquele primeiro de maio de 94, ninguém queria que o fim de uma (belíssima) estrada se desse na curva Tamburello no GP de San Martin.
 
Confesso, não sei como essa memória seguiu firme em minha mente. Eu era novo demais... 

Tão rápido quanto costumava ser a cada volta, Senna se tornou um herói pro seu povo! Talvez o último grande herói brasileiro do qual tenho lembrança.

Anos mais tarde pude rever suas corridas, que mais pareciam uma dança magistral em que o homem conduzia a máquina rumo a excelência! A bandeira verde e amarela ganhava em suas mãos um peso enorme, fica difícil pra mim compreender se quem carregava a maior responsabilidade era Senna, que carregava em seu cockpitch a esperança de um país inteiro, ou das famílias, do Brasil que carregava entre os seus um verdadeiro mito.

Aqueles que hoje berram nas ruas por um político qualquer jamais entenderão, em essência, o que de fato um mito pode e deve ser, talvez esses não tenham visto as curvas virarem retas nas mãos de Senna ou não tenham na memória a lembrança que tenho (e sinceramente, não tenho certeza se é minha ou do meu pai) de um homem que fez inúmeras vezes o impossível acontecer!

Muitos ousariam dizer que a morte fez dele o mito. Perdoai-vos eles não sabem o que fazem! Senna, foi como a lenda diz ser, para os duvidosos qualquer pista chuvosa poderia lhe servir de comprovação, ao ver a lótus preta qualquer coração cujo os batimentos possam ser medidos por um velocímetro vai compreender.

O herói que não vi correr, foi o mais importante pra mim e pra tantas pessoas que ao longo da vida pude conhecer. No meu mundo dos sonhos, prefiro acreditar que não houve acidente na curva e ele subiu no podium, como (quase sempre) costumava fazer.

Era uma época em que acordar cedo aos domingos era prazer nacional, naquelas pistas éramos um povo!
Senna era a razão?! Talvez não.
Mas é fato que talvez, depois daquela curva nunca mais fomos uma nação.

 Ayrton Senna durante a temporada de Fórmula 1 em 1988 — Foto: Divulgação/McLaren 



Na memória, de muitos Senna vive, nas curvas da história ele se fez imortal.

Como todo herói, costuma ser.



- Frog Gonçalves

01/05/2020

(Todos os direitos reservados)

0 comentários:

Postar um comentário

Seguidores