Saudade de Chumbo

Mais um momento de confusão,
De conflito e guerra.
Mais um daqueles espaços no tempo
Em que procuramos só nós.
Faz-se necessário estar a sós

Sozinho conosco,
Apenas comigo por companhia.
Eu, eu e mais eu…
O “eu” que escolheu,
O “eu” que lamentou a escolha,
O “eu” forte, o que prefere a luta às lágrimas,
O “eu lírico”, prefiro discorrer;
Pintar meu quadro com tinta e pena
Fazer das lágrimas vírgulas,
Pausas entre uma luta e outra
Os sorrisos, que sejam ponto e vírgula;
Meia pausa,
Que eu não me desarmo nem esqueço a dor.
Quem sabe após a luta eu possa ter amor?
É… Quem sabe?
Mas só o teu, bailarina,
Só a ti e a nenhuma outra.

Os meus compassos, poemas, acordes e melodias,
São todos teus:
Meu mundo, minha alma, minha música, meu eu…
Sou todo seu!
Éreis tu minha?
Sim, já o fostes.

Hoje, passam eras em horas.
Ora, ainda te amo!
À noite eu ainda te chamo,
Ainda clamo por ti!
Por calor, por carinho, por amor…
Por amor.
Por culpa da saudade.

Saudade: a quimera dos lusófonos,
A esfinge que nos mastiga, consome, devora.
Pois ela não se decifra.

Saudade é o amor que fica!
A parte do teu amor que ficou em mim.
Saudade, teu nome é a música!
É o canto com o qual vou de encontro à guerra!
Tu, saudade, és a canção da minha espada,
O percutir e repercutir do choque entre escudos.

Eu sou apenas um soldado
Armadurado de saudade;
De saudade de chumbo.

Minha bailarina,
Dançarás para mim outra vez?
Bom, espero que sim!
Espero ver as chamas de teus cabelos de novo,
Pois se assim não for,
Cairei com o peso da saudade,
Com saudades do teu amor.

Por José Nilson Souto Jr.
Texto Registrado
12/03/2012

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