Vinho sinto
Talvez eu seja como aquela velha garrafa de vinho que você guarda no fundo do armário.
Esperando pela ocasião certa para abrir,
ocasião essa que nunca chega e então, por isso, vou ficando ali.
Vez por outra, quando todas as bebidas melhores se esgotam vêm a mim...
E após cálice humilde alguém solta comentários antes do fim
Sobre os talentos que tenho, sobre o sabor forte rascante para uns e suave adocicado para outros.
Talvez eu seja aquele vinho que é sempre deixado pra trás, alguém trouxe cerveja, pra que mais?
E num canto escuro do armário, eu espero até que alguém precise de mim para lhes salvar de uma ressaca de sentimentos ruins...
Poder lhes alegrar!
E quão breve lhes devolvo a alegria, sou posto outra vez de canto.
Nesse eterno desencanto, de ser sempre a saída para horas difíceis e quase nunca o que se chama pra brindar a vida.
Eu sigo, na esperança de quem sabe a sorte, traga um dia alguém com gosto forte...
Por um vinho bordô, envelhecido.
Pra se embreagar com o que tenho de melhor
Encarar o que demonstro de pior.
Mas me tirar de uma vez por todas, do fundo da gaveta.
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